Poesias de Luis Alfredo

Poesias de Luis Alfredo
Ode ao Mestre
Ao Professor Evaldo Osório Ferreira
Que me apontou o princípio o meio e o sem-fim
Tu, meu mestre
Me és
Sempre teu tigo
De contigos,
Foi comigo
Foi amigo.
Teu estilo
Sem spleen
É meu será,
E é teu vosco
Sempre conosco
Que me mostra
E me mestra.
“Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”
(antigo ditado oriental)
***.
Para Deshpande

Versos feitos após um dia no topo de uma colina granítica, em Rastenberg, Áustria. Deshpande abriu um livro seu de poemas, escrito em telegu,
e esqueceu-se da geologia.
Começou a recitá-los. Eu não entendia nada,
E entendi tudo.
On the very top
Skirted in peaces
I met his likeness
He taugh me
Greens
Viena, julho de 1966
***.
Maria da Glória, minha mãe


Plúmbeo é o meu amor que tinha cor-de-azul,
Plúmbeo tornei-me eu quando o azul sumiu

Ah, minhas aquarelas de papel embolotado pelo excesso d'água
PeIo excesso...

Troquei o ritmo pela dança e quis inventar cores suaves, suaves
Suaves como o ritmo dela que embalava minhas gangorras e cabriolés
Brindava nossos encontros
E inventava novos tons

Viena, fevereiro de 1966
***.
Walt Whitman
Após ler e reler Leaves of Grass
Come along you little child
Let us show to the old white-bearded poet
That we’ve found out the whole Nature
In a handful of grass

Viena , Outubro de 1966
***.
Reflexos marinhos

 
Vai e vem
Onda rasa
Em brisa e orla
No teu vai
Me cai a lua
No teu vindo
Ela vem vindo?
Vai e vem
Onda tempo
Em vento e ânsia
No teu foi
Me foi a lua
E em teu virá...
Ela não virá!
Viena, 4 de maio de 1967
***.
Candomblé cósmico
Macumbeira de mil búzios
Teu beijo alaranjado
Tu és um bicho de goiabeira
Comendo fundo e tortuoso…
gostoso.
Teu jeito de barro molhado
Que empapa minha mão
Que vira pata, vira garra
Que te agarra
E arranha tua entranha
Desentranha tua manha
Vulcãozinho sacana de lava basáltica
Com teus mil graus de excitação,
Não.
Para mau espanto
És mais que tanto,
Bomba, quem sabe, Bomba H talvez
(Ah, assim eu não tenho vez)
Cogumelo de cem mil sóis
Empalidece uma estrela
Ante teu brilho
De explosiva supernova
Celeste,
Quero-te incerta e entreaberta
Terrestre
Quero-te silvestre
Para te semear, te romper e te regar
Demoníaca
Impudica, que liquidifica

Majestosa
Da minha babilônia
Minha insônia
Rio de Janeiro, 1982
***.
Poliédro
Descobri de um lado
O lado que me faltava,
E do outro,
O lado que me restava
Mas não bastava,
Por outro lado,
Há um lado
Que está sempre de lado
E se ficasse de frente
Eu o enfrentava
Santa Inês, Bahia, Janeiro, 1980
***.
Fui
Descobri que você tem gosto de mel,
Mel de abelha Jataí,
Silvestre,
mansamente feroz e doce, doce,
Mas eu não estou mais aí!
Nazaré, Bahia, Janeiro de 1980
***.
Inês
Por onde andará Inês?
O que vestirá, comerá,
Nesse deus-dará?
O que dirá,
Ao ler esta cheia de rá-rá-rá?
Há-há-há, dirá ela?
E quando descobrir que não me minto, Aceitará?
E quando souber que não sou composto Em
Mas em dó menor
Muito menor,
Entenderá?
E que dúvidas,
Se dúvidas tiver,
Será?
Santa Inês, Bahia, Janeiro, 1980
***.
Gonococus urbano
Entre a Mesbla e o Serrador
Vim passeando minha dor,
Me desinventando em cada esquina
Me descobrindo na vitrina
No açucarado da coquina
     (Ah, teu beijo ensolarado)
Nos andrajos da mendiga,
Na criança desvalida,
Na puta enlouquecida
Em esbarrões e safanões,
Dos becos atrevidos
Com andróginos estremecidos...
(Passei para o lado de lá,
Procurando um chafariz
Que me fizesse feliz.
Não há.)
Fui me entremeando pelos gatos,
Pelos pombos, pelos patos,
Fui me entristecendo pelo verde teimoso
Do gramado pisado, anguloso
Pela insistência da folhagem mal-tratada,
Pelo abandono da estátua azinhavrada,
Pela putrefação, estagnação...
Que abominação!
Vim vindo, vindo,
Até o consolo deste bar,
Que tem muito pra dar
Com seus petiscos
E esses rabiscos.
A tarde vai se desfazendo,
E com ela vou me refazendo
E a realidade mentirosa
Cai em mim como uma jaca madura.
Que amargura!
Rio de Janeiro, 1981
***.
 
Bye Bye Narciso

Desencanta coração,
Que existe uma Bela,
Adormecida,
Além, muito além
Desse espelho
LAMC & PMC)
Leblon, 1981
***
Fragmentos
Amanhã sempre me foi indiferente.
Agora, surgiu um muro muito alto muito real,
E a necessidade de ultrapassar esse muro, muito alto, muito irreal,
E enfrentar o dragão do lado de lá…
…mas há a incompatibilidade entre eu e o muro.
Hoje, o consolo de um passarinho voando veio espiar meus narcisos por detrás da janela. É inverno, e inverno forte.
O vento frio espantou o passarinho, que deixou de ser consolo,
Mas os narcisos continuam.
(Ontem, no jardim zoológico, uma girafa de pescoço comprido deixou o meu doendo. Pareceu-me um animal estúpido, adverbialmente estúpido. Não havia besouros no zoológico e isso me aborreceu profundamente. Lembro-me com que ternura os colocava nos meus bolsos de cinco anos e do desespero de suas patas em meus dedos).
Fico pensando no passarinho que voou e na solidão dos narcisos na minha janela
Amanhã é sempre diferente,
Talvez os narcisos é que voem e vão visitar algum passarinho
Plantado em algum vaso por detrás de outra janela.
Viena, fevereiro de 1967
***.
Poema Didático

O espaço reflete um todo solto
Somos nós mesmos
A pisar capins marotos,
Esquecendo que a semente plantada
Longe das flores exigirá revolta
Um dia.
Respondendo mentiras plantadas onde.
É fácil torcer os caules e inventar deuses.
Mais fácil hipnotizar o pó que corta rente intimamente
O brilho de nossa disparada.
Ah, de deuses até os e bichos se fartaram
E, como nós, correm e dançam,
E como achar o significado do que está plantado no escuro?
E como entender a água que não mais rega?
Será que correm e dançam também?
A flor serviria para tecer os fios soltos que me enroscam e me cansam,
Mas como?
Ontem um lago criou reflexos cor-de-nós
E o risco da fantasia despencou-se gerando os duendes e gigantes que mastigam as flores.
Os insensatos reclamaram da poeira sufocante
E desenterram sementes seculares
Que esperavam, esperavam...
O alvoroço prosseguia em crispadas edificações crescidas em areias bambas,
E, sem reis sem nada relembravam as águas do lago antigo.
Os bichos se aprofundavam e cessavam suas danças
Esquecidos da flor torcida na antevéspera que brilhou no lago,
Nossas mãos tentavam resumir a largueza oo espaço solto
Imenso
E, em vão as hastes se inclinaram
E as águas refletiram para um deus sozinho
Rio de Janeiro, 1962
***
Em 1994 tive a ousadia de acrescentar duas seções à canção Beatriz, de Chico e Edu, para contar do Gozo e do Amor da atriz.  O Rosto, a Casa e a Vida permanecem no original.
Olha...
Será que ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pintura
...o rosto da atriz?
Se ela mora no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha...
Será que ela é louça
Será que é de éter
Será que é loucura
Será que é cenário
...a casa da atriz?
E se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
(Me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ah.., diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz...)
Olha...
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
...a vida da atriz ?
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha...
Será que é de espuma
Será que é aroma
Será que é mais ainda
...o gozo da atriz?
E se ela retira o sétimo véu
E se seu corpo explodir em mil
E o seu ventre transformar-se em mel
E se ela pudesse entrar na minha vida
Olha...Será que é descuido
Será que é história
Será que é estranho
Será que haverá
...o amor da atriz?
E se ela da rosa descobrir a lenda
E se do amante ela fizer o amado
E se o passado se cobrir de renda
E se ela pudesse entrar na minha vida
***
Vésperas
Para Leilá,
por ocasião de seu retorno à Viena
Se paro
Me insisto
E te repito.
Quanta dança
Eu me dancei
E longe
Distancio
E me desfaço
Mas me refaço
No sorrir
Que te antecipa
Viena, 1967
***
Uma Mulher Houve
A uma desfeita,
e uma refeita
Há uma mulher para amar
E outra para esquecer
Há uma flor para colher
E outra para plantar
Há um cão para cuidar,
Talvez um filho por fazer
Há muita coisa a destruir
E uma por nascer
Há uma resposta para dar
E uma questão no ar
Há lembranças de bem querer
E um caso a resolver
Há um gesto interrompido
Em noite pobre de lua
Há uma palavra não dita
Pura palavra bendita
Há que retornar, te catar, te retomar
Há um chão para ficar
E muito que perdoar
Há meus tombos, escombros,
Retalhos, atalhos
Barrancos e trancos
Mas há também
Cantigas, canteiros
Varandas, auroras
Antes de tudo, houve você
Mas agora cadê?
Rio de Janeiro, 1975
***
Soneto de Maio (para Ligia)
Como hei de comparar-te a um dia de verão?
És muito mais amor e mais amena:
Os ventos sopram os doces botões de maio,
E o verão finda antes que possamos começá-lo
Por vezes, o sol lança seus cálidos raios,
Ou esconde o rosto dourado sob a névoa;
E tudo que é belo um dia acaba,
Seja pelo acaso ou por sua natureza;
Mas teu eterno verão jamais se extingue,
Nem perde o frescor que só tu possuis;
Quando a Morte vier arrastar-me sob a sombra,
Quando os deuses me elevarem à eternidade
Enquanto tu puderes respirar e ver,
Estarei contigo neste canto, e ele me fará viver.
William Shakespeare (Soneto 18) e Luis Alfredo
Leblon, 29 de setembro de 2010
***
Troços estranhos
Coisas que entranham
Cheios de manha
Sai, bicho!
Não me arranha
Nem me assanha.
Eu quero é tomar champanha
Quem me acompanha?
Leblon, Outubro de 2010
***

MARIA E JOSÉ …NUNCA MAIS!! (2001-2010)              
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Ei, você aí,
mandatário palrador
Você também,
ex-isso ou ex-aquilo
O que vocês fizeram ???



O QUE QUE É ISSO ???
40 MILHÕES DE MISERÁVEIS !!

Quantos enganos
Tantos e tantos anos
Tristes anos
Quanto tempo...
Quanta manha!!



Tome vergonha na cara, malandro de palanque!
Com que cara você encara o seu próximo?
Sua mulher?
O seu filho?
Sua existência fede a abutre…
BRUTO!
P Ô R R A !!!
40 M I L H Õ E S !!


Velhaco novelesco (– Desta vez, Vamos! )
Hipócrita (– Ninguém segura este País! )
Fariseu (– É preciso olhar as criancinhas! )
Canalha (– Tudo pelo Social! )
Minha Gente! (ARRRGGGHHHH !!)
Companheiros! (QUA QUA QUA!)

PTPDTPPBPSDBDEM
Um dia não houve voto...


Ahhh! A Revolução (?!) Bang! Bang! Bang!

NÃO DEU CERTO!
Ahhh! A Nova República (!) (?!)
Blá! Blá! Blá!

NÃO DEU CERTO!




PeFeLePeMeDBISTAS
Bangbangbistas!
Blablabistas!
PutaQueParistas



ANTES BESTAS APOCALÍPTICAS !!!

QUE PAÍS É ESSE ??

O que vocês fizeram???
Vendilhões de Minha Pátria



Eu fiz um viaduto

E eu, a rodovia redentora


Eu, a ferrovia integradora

Já eu, comprei uma turbina

Eu implantei uma usina

E eu, acabei com o comunismo
   e dei um fim ao terrorismo
– Ai, Zé, a farmácia, vai correndo,
– Ai! Meu filho tá gemendo...corre, Zé!
(são duas léguas...são duas horas caminhando)
– Chegaste, Zé?, cadê o remédio, Zé?
– cumé que dá, Zé? Vê na bula,
lê na bula, Zé
– Ahhh, meu filho tá gemendo...
Si tu num lê, meu filho morre, Zé!
Lêêêêêêêêê, ZÉÉÉÉÉÉ!

CONTRASTE
DE

TRASTES

TRATANTES

(Enquanto isso...

durante esses tantos tristes anos
algumas brasileiras e brasileiros
banqueteiam-se
no intermezzo de literatíssima vernissage
Econometristas incorruptíveis
Afirmam o viável do País
A oitava economia do planeta
São zilhões disso e zilhões daquilo!)
“tá tudo muito bom... tá tudo muito bem...”

MAS PORRA…


SÃO 40 MILHÕES
DE
INDIGENTES
SALVE-SE QUEM PUDER !!




Enquanto você lê...
Zé da Silve vê tevê
(É claro, TV roubada)

Enquanto você ama...
A Maria cai de cama
(– Hoje num dá, Zé... tô arriada)




Enquanto você come...
A Maria se consome
(– Trabalhe, não seja lerda!)




Enquanto você caga...
Zé da Silva se embriaga
(Tudo lhe falta, até merda!)




Seu filho um grumete
(o garoto promete!)

O do Zé, um pivete
(já um craque com a gilete!)



Atente Zé, pra minha verborréia
Vote em mim
Eu posso tudo, eu sou o tal, pinto, bordo e o escambau



- Achei.Maria!
O cara é bamba



– Ai, minha gonorréia
no garoto, a piorréia,
na Maria, a diarréia

– Garoto...!!! toma tento !!!!!

Pega o vendilhão!
(mas como?
foi só um milhão!)




– Zé, que será de nosso filho....?
– Zé? Que que houve, Zé?
me conta, anda, Zé!
– Maria.... é que...
– Fala desgraçado!
minha santa misericórdia!!!
FAAAAALA!!!
– Maria...é que...
tantas ele fez...
que pegaram ele
pra.........................CRISTO !!!
CRUUUUUUZ !!!
Pega ladrão!
(mas como?
Foi só um pão!)
 
 
 





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Em julho de 2001, o Centro de Políticas Sociais
da Fundação Getúlio Vargas divulgou o Mapa
do Fim da Fome. De acordo com o estudo,
coordenado pelo chefe do Centro, o Professor Marcelo Neri,
o Brasil possuía, na época, 50 milhões de miseráveis!
Leblon, Outubro de 2001

Dado recente, segundo o IBGE (2009), aponta que o número de famílias com rendimento familiar per capita de até ½ salário mínimo é de 22,6%. População do Brasil 2010: 190 Milhões. Para cáculos do censo, uma Família compreende os residentes em um mesmo domicílio. Média por baixo de 4 pessoas. Decorre, porbaixo, 4 pessoas por família = 48 M de famílias, das quais 23% com renda abaixo de 1/2 Salário Mínimo,ou seja 11 M de famílias. Recalculando, com 4 pessoas por família, são 44 milhões de habitantes miseráveis, cada um com renda inferior a 1/2 salário. (População em 2010 de 192 Milhões de habitantes).
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD, 2010) , o número de pobres é relatado como de cerca de 29% da população, ou 56 Milhões de habitantes. O mesmo estudo calcula em 30 Milhões o número de pessoas com renda familiar per capita por mês de até R$ 140 (!!).
Para a Fundação Getúio Vargas, é considerado Miserável o indivíduo com renda menor que R$ 400,00.
Leblon, Novembro de 2010

***
Nota para Nando Rosa (22/12/2010), violonista e compositor da banda Cartel da Cevada:
Maria e José... teria que ter 3 ou 4 vozes. Uma vai ser um diálogo entre Maria e José, dois fudidos; outra para os abastados irresponsáveis, outra para o narrador estarrecido, revoltado, puto da vida. Talvez mais uma voz, não sei.
O Final, A última frase do José "tantas ele fez que pegaram ele pra Cristo", deve ser declamada com a banda em total silêncio. Imediatamente após, a última palavra da Maria - CRUUUUUZ, dever ser um grito oral e metaleiro, pra Deus e o Diabo escutarem (esses dois surdos).Após, a banda entra, metalizando, ensurdecedora. E, se for ao vivo, uma cruz não pode faltar.

***

11 comentários:

Jullio Machado disse...

Sobre "Fragmentos",gostei da parte que remete a fase mais pura das nossas vidas: a infãncia. a doce infância;
E a parte que o "amanhã é sempre diferente", gostaria de comentar que às vezes dá a sensaçaõ que todos os dias são os mesmos marasmos. Segundo os Provérbios: "não há nada de novo sob o sol". será? pois agora. Abraços poéticos!

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

Caro Júlio,
Agradeço o carinhoso e bem colocado comentário sobre "Fragmentos". Antes que eu recomendasse, vc já citou a frase ícone do Eclesiastes, o mestre do pessimismo.
Abraços inoxidáveis.

Jullio Machado disse...

Aqui pensando sobre o substantivo "fragmento", é incrível como ele é amplo e presente na vida de cada um. Quão significativos e intrigantes são os fragmentos que cada indivíduos traz na alma e na matéria... É possível fazer, na biografia de cada um, um tratado só sobre esse tema "fragmentos".
E ainda sobre a bíblia, ainda que Saramago tenha dito: " é ler a bíblia e perder a fé", inegavelmente os pergaminhos sagrados estão recheados de sabedoria e a sua contribuição é inefável no mundo das letras e das crenças. Destaco aqui, biblicamente,uma das frases que mais me intriga: "Descobrireis a verdade e a verdade vos libertará"; e outra frase bíblica que aprecio muito:" Onde está o teu tesouro, lá também está o teu coração".
Abraços inoxidáveis, pra você também, meu caríssimo!

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

Caro Júlio,
Suas palavras são generosas e sempre expressam sabedoria. Dar um "desconto" para meus poemas, pois eles são de 30 a 40 anos atrás (exceto Maria e José..., do qual espero montar uma opereta rock, bem pauleira). Sobre o dito do Saramago, acho que, justamente, a Bíblia é para ser lida SEM fé. Vou lhe enviar um mail dando continuidade ao assunto. Abraços perenes.

Jullio Machado disse...

Luis Alfredo, De "Gonococus hurbanos", pra cá, (1981), mudou muito a realidade hurbana do Rio?
Este poema, que tem 3 décadas, mostra um quadro esquálido de uma época que ainda paira nos ares hurbanos de muitas cidades.
A salvação, no poema, é que tinha um bar como lenitivo.
Considerável poema.

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

Julio,
As putas belas ou horrendas continuam lá, pobres flores gonocócicas. A boa notícia é que os butecos consolantes proliferaram.

Jullio Machado disse...

Meu grande parceiro "virtual", permita-me tecer um comentário sobre a tua poesia, "Reflexos Marinhos", escrita em 1967,em Viena;, que privilégio estar lá hein! ... tempo remoto, um ano antes do meu nascimento. Pois agora; não tenho comentário...Como você bem me falou certa vez, de um dos meus escritos " dá o que pensar e o que não pensar" ... Me parece ser tão intimista... me faz lembrar um "hai- kai", que escrevi há tempos atrás; uma lembrança, hipotética que ocorrera à beira mar...
Diz assim:

Fascinante ter a lua
Clareando a tua
Forma nua

(até hoje não sei se dedico esse poema ao mar ou pra "ela"; pois não sei se estou falando do ou de "Maria")
assim vejo o seu poema.Será um um flerte que aconteceu ou não aconteceu...Ou será só inspirações marinhas versos "momentos".
Tudo bem vou arriscar na minha interpretação: (o mais óbvio...)
Afinal ela veio ou não veio? A "onda tempo", passou?...
De qualquer forma, a forma, dessa sua poesia,é arte ampla de possibilidades. Ampla de se curtir. Eu curti.
Valeu,Luis Alfredo,
abraços incorruptíveis!

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

Caro Juilio
1) O seu Hai-Kai deve ser postado imediatamente. É linguagem carregada com o mais alto significado. Significado plural. Vc e a lua refletem sobre Maria, e muito mais. Ela com o corpo e vc com a alma nua. (vai para o Comentário de sua futura postagem).

2) Vc é uma de três pessoas que conseguem LER meus poemetos. Ela não veio. Uma lembrança de um desencontro com Paola em Stromboli, uma ilha ocupada totalmente por um único vulcão. Paola era casada. Ainda farei um Hai Kai para narrar nosso único beijo enluarado na noite anterior. Era uma excursão da universidade. Eu queria ver um vulcão e encontrei dois, ambos em erupcão.
A propósito, ler um dos melhores poemas de Garcia Lorca - "A casada infiel": http://www.releituras.com/fglorca_infiel.asp
[...]
Sua coxas me escapavam
Como peixes surpreendidos,
Metade cheias de lume,
Metade cheias de frio.
Galopei naquela noite
Pelo melhor dos caminhos,
Montado em potra nácar
Sem rédeas e sem estribos.
[...]
Alvos abraços

Jullio Machado disse...

Li o poema de Lorca na integra. muito, muito bom este poema. Aproveitei para acrescentar o site "releituras aos meus favoritos (Valeu!).
Sobre os dois vulcões em erupção, na verdade eram três, né?. Diria, uma tríade vulcânica, que estava prestes a explodir...
Inenarráveis abraços!

Jullio Machado disse...

E aí Luiz Alfredo,
Tudo na paz?!
E aquele apontamento poético que insiste em ficar engavetado algures...
Abraços efusivos!

Anônimo disse...

Mas as coisas lindas,
Muito mais que findas...
Essas ficarao!
Um beijo enorme!