Li Po (c. 701-762)

Li Po (c. 701-762)

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Lá pelo final dos anos 1950, tomei conhecimento de Li Po lendo as exaltações que lhe fazia Paulo Mendes Campos. Somente agora tive acesso à sua obra. Hoje leio-o como um de meus poetas preferidos, e fico relendo seus poemas e brincando de trduzi-los.

Li Po (Li Bai ou Li Bo) é considerado o maior dos poetas da dinastia Tang, uma família que governou a China entre 618 e 907. É o mais citado poeta chinês no mundo ocidental. Era muito conhecido por ser um bebedor inveterado. Seus melhores poemas foram escritos enquanto estava bêbado. Escrevia sobre a natureza, o vinho, a solidão, a amizade e o amor.
Numa noite, o poeta estava bêbado em seu barco. Tentou abraçar o reflexo da lua no rio na Yangtze e morreu afogado. Uma morte triste, mas poética. Rendeu muitos poemas.

                      Poucos poetas souberam cantar um amor tão “profundo”

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Para Wang Lun

 

 

I was about to sail away in a junk, When suddenly I heard
The sound of stamping
and singing on the bank

It was you and your friends
come to bid me farewell.

The Peach Flower Lake
is a thousand fathoms deep,

But it cannot compare, O Wang Lun,
With the depth of your love for me

Estava para partir em meu barco
Quando subitamente ouvi
Os sons estampados
De melodia nas margens.

Era você com seus amigos
A se despedirem de mim

O Lago das Flores de Cerejeira
Tem dois mil metros até o fundo

Mas ele não se compara, oh! Wang Lun
À profundidade de seu amor por mim

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Li Bai ride boat will about to travel
Suddenly hear bank on stamp sing sound
Taohua pool water deep thousand feet
Less than Wang Lun accompany me feeling

Li Bai is already on the boat, preparing to depart,
I suddenly hear the sound of stamping and singing on the shore.
The water of Taohua pond reaches a thousand feet in depth,
But still it's not as deep as Wang Lun's feelings seeing me off.

Tradução para o inglês sem sintaxe. Interpretação contínua dos ideogramas. Composição do texto traduzido para o inglês. Mais acima, Transliteração e transcrição fonética dos caracteres chineses. Leiam e ouçam o ritmo e a sonoridade do poema. Notem que as palavras são todas monossilábicas.

 

Rosa vermelha

 
  A esposa do guerreiro está sentada à janela.
De coração aflito, borda uma rosa branca numa almofada de seda.
Picou-se no dedo! Seu sangue corre na rosa branca, que se torna vermelha.

Seu pensamento vai ter com seu amado, que está na guerra
e cujo sangue tinge, talvez, a neve de vermelho.
Ouve o galope de um cavalo... Chega, enfim, seu amado?

É apenas o coração que lhe salta com força no peito...
Curva-se mais sobre a almofada e borda com prata
as lágrimas que cercam a rosa vermelha.
 
 

Tradução de Cecília Meireles
"Poemas Chineses / Li Po e Tu Fu",  Nova Fronteira, 1996, RJ

  Sobre a imagem da rosa branca que, sendo tingida de sangue, transforma-se em uma rosa vermelha, desconfio que Oscar Wilde tomara conhecimento do poema, aí se inspirndo para escrever seu comovente conto O Rouxinol e a Rosa.  
 

Poema de Du Fu, outro grande poeta da dinastia Tang, a Li Po

 
 

Tu escreves como o pássaro canta.
Teu gorjeio? Versos.

Se não cantasses, as manhãs seriam menos vermelhas
E os crepúsculos menos azuis.

Quando a embriaguez te inspira, os Imortais inclinam-se
Das nuvens para te escutarem,
O tempo suspende seu vôo
O bem-amado esquece a bem-amada.

Tu és o Sol e nós, os outros poetas, somos apenas estrelas.
Acolhe, ó meu amigo, o balbucio do meu respeito!

 
 

Tradução de Cecília Meireles
"Poemas Chineses / Li Po e Tu Fu",  Nova Fronteira, 1996, RJ

 

Mais um belíssimo quadro pintado com palavras (in Ronaldo Correia de Brito)

Diante da minha cama, estende-se o luar.
Parece geada no chão
(*)

(*) Li Po transporta a brancura e brilho do gelo no chão para a Lua,  ou o luar para uma brancura de gelo no chão  Em Chão de Estrelas, de Silvio Caldas e Orestes Barbosa, a Lua é transferida para o chão estrelado.

:"...a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão.

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Nota: Mais, muito mais sobre Li Po em Humanistic Texts.

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