Prólogo I

— Introdução —
Acontecimentos que marcaram tempos e lugares. Imagens e ditos benditos e benvindos. Vieram de amigos e parentes, escritores, mitos, músicos, poetas, cineastas, cientistas e filósofos.

Arthur Dapieve. José Saramago, ao olhar a bunda de sua mulher, Pilar, inspira Dapieve na mais perfeita e sintética definição de amor. Um compêndio condensado em uma frase;
Sommerset Maughan. O Fio da Navalha foi um livro que, por conta de uma citação da folha de rostro, levou-me a ler em seguida os Upanishads e o  Bhagavad Gita.
Julio Cortázar e um texto sobre o beijo, que desencoraja qualquer tentação em se escrever algo semelhante;
José Saramago. O mais puro lirismo erótico de uma primeira noite de amor, que se seguiu à mais longa declaração de amor por telefone que alguém já registrou;
Walter Benjamin. Outro olhar, uma outra visão que desmonta os cânones estéticos;
Calderón de La Barca, que afortunadamente intrometeu-se em meu encontro com Aurora em Madrid;
Djavan e os versos que roubei para presentear Jocasta;
Alexander Pope e um poeminha que narra o Gênesis da física moderna, um fiat Newton incomparável;
Anna de Noailles, condessa mundana da Belle Époque, e um curto verso de sete palavras que desafia qualquer tradutor da língua francesa;
Gulherme de Brito e a canção cuja letra me orientava em encontros com pessoas tristes;
Zé Kéti e outra letra, que eu costumava cantarolar, em momentos oportunos, para minhas namoradas adolescentes;
Euclides da Cunha
e a mais bela página da literatura brasileira;
Guimarães Rosa ficou para sempre com o romance Grande Sertão, Veredas e os contos de Sagarana. O romance..., levei trinta anos para lê-lo como deveria, isto é, palavra por palavra. Sagarana é releitura que se repete com freqüência, talvez pela intimidade que tenho com os sertões e o agreste de Minas Gerais;
Fernando Pessoa e o mar português;
Carlos Drummnd de Andrade. Descobri uns versos de Drummond que seriam, com certeza, uma resposta a outros de Fernando Pessoa. ... E um poema único, sobre a mulher que chovia;
Inês Pedrosa é uma descoberta recente. Transcrevo dois curtos parágrafos que me levaram a ler vários de seus livros;
Ingrid Borinski, há trinta anos, presenteou-me com sua tradução de Herzstück (Peça do Coração em Um Ato), de Heiner Müller. Uma jóia humorística que é pouco ou quase nada conhecida no Brasil, embora tenha sido traduzida para uma dezena de idiomas;
Ivan Lins. Ao me recuperar de um prolongada depressão, seus versos me mostraram “que a vida pode ser maravilhosa”;
O Cristo Carpinteiro, de autor desconhecido. A frase mais terrível que já lí!
Marcel Proust e John Ruskin. Minhas conexões com ambos e entre eles;
Fernanda Schnoor. Restaram alguns poemas, um breve texto e um postal com a letra da música “A little Kiss each morning”;
John Keats não me passou desapercebido. Lí o longo poema Endymion, mas minha homenagem é feita pela transcrição do primeiro verso (um dos mais belos e famosos da língua inglesa);
Wolfgang von Göethe escreveu uns versos que compunham um mandamento para os estudantes de geologia da Universidade de Viena. Arrisquei uma tradução;
Hector Bianciotti, que me mostrou a diferença entre “l’oiseau” e “el pájaro”;
Manoel Bandeira ficou-me inesquecível com sua Passárgada. Quantas vezes eu recitei aqueles quatro versos!!!;
Paulo Mendes Campos. Um vício. É um dos dois autores de quem li toda a obra. Algumas delas ainda em minha mesa de cabeceira;
Oscar Wilde é o outro. Também sempre à mão;
Eduardo Galeano foi leitura obrigatória dos anos 1970. Contestador das injustiças sofridas pelos atormentados povos dos terceiro e quarto mundos. Impossível de resumí-lo. Leiam-no todo. Menciono apenas quatro ditos de um lado seu de humor oportuno. Gostaria de ter escrito essas frases;
Kurt Gödel é aqui acompanhado por Douglas Hofstadter. Gödel, com seu Teorema da Incomplitude, derrubou os alicerces lógicos da colossal obra de Bertrand Russel e Alfred Withehead – Principia Mathematica. Esse teorema hyper-complexo passou a ser accessível ao entendimento do leitor curioso através do livro de Hofstadter – Gödel, Escher & Bach, talvez o livro, livro não, o compêndio mais “rico” que já li. Sempre à mão para consultas constantes;
Edgar Alan Poe e a descoberta de Lenore;
Gilgamesh. Vai e volta, releio o trecho dessa epopéia, o mais antigo texto impresso que se tem notícia. Também ousei levantar a possibilidade de a história desse herói ter influenciado Guimarães Rosa em sua outra epopéia, o Grande Sertão, Veredas;
Pérola Akerman, arquiteta, psicóloga e filosófa, estava inspiradíssima quando conseguiu a proeza de resumir grande parte do ensinamento de Jacques Lacan em um único poema;
Ligia Karam
, que sempre soube transformar os ditos em feitos e fatos;
Félix Arver, o poeta de um único poema, dos mais famosos do romantismo francês do séc. XIX;
Muhamad Ali e o mais curto poema da língua inglesa. Quatro letras em duas palavras;
Pablo Neruda
e os dois de seus poemas mais famosos dos Anos Dourados do Rio de Janeiro;
Axel Munthe. Para saber do impacto em se avistar uma fada, leiam o trecho de o Livro de San Michele;
Rainer Maria Rilke e os três versos que me foram segredados por Ieda Inda, .... e foi o fim de um affair;
Robert Frost. Um verso bastante conhecido do poema The Road not taken,  ajudou-me quando tomei a difícil decisão de ir trabalhar na Guiné Bissau;
Jehovah e o mais universal dos ditos do mais famoso mito da civilização judáico-cristã;
Jacques Lacan e seu dito ilustrado e intrigante, o Nó Borromeano;
François Villon, poeta alcóolatra, ladrão, assassino, condenado à forca e banido;
Joana Narvaez y yo... Yo que no creo en brujas, pero que las hay, las hay!
Tatiana Weihmann, alvejante do meu niver com presença e palavras;
— Li Po
, poeta do século VIII, e um amor cuja “profundidade” jamais foi igualada;
— T.S. Eliot
e seus gatos;
— Isaac Asimov.
O autor mais prolífico de todos os tempos. Um monumento. Publicou 515 livros. Li 77 (ainda em minha estante);
Ezra Pound. Um mestre. A mais precisa e concisa definição de poesia que conheço;
Thomas Friedeman. Uma alegoria de uma tribo africana que resume a vida atribulada e competitiva do mundo globalizado; 
A Segunda Lei da Termodinâmica / Entropia - Uma atração fatal;
Ditos de Maria Antônia, irmã e minha primeira tutora literária;
de sobra, Poesias de Luis Alfredo e, com entrada separada
Maria e José…Nunca Mais!!!
Júlio Machado, poeta íssimo, e seu bem dito soneto;
—  Roberto Camporal García e a mais bela canção de amor e morte jamais composta;
Otávio do Rêgo Macedo, que me deu de presente o mais singelo poema sobre a amizade, de Vinicius de Moraes... e outras histórias;

Hoje 18 de janeiro de 2011, ainda faltam: Ligia, Lara, Maria Vitória, James Joyce, Lawrence Durrel, Jack Kerouac, Paul Géraldy, Jacques Prevert, Federico Garcia Lorca, Vladmir Maiakovski, Friedrich Nietzsche, Ferreira Gullar, François Villon, Garcilaso de la Vega, Bertrand Russel,  e mais…
***

Hermes Augusto Verner Inda (1941-2005)

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9 de Outubro de 2005… o telefone toca… e toca… toca…, Eu sabia que era Pedro avisando do falecimento de seu pai, Havia falado um dia antes com ele. quando soube que o Hermes havia sido re-internado em uma hospital de Porto Alegre, em uma recaida logo após ter tido alta de uma pneumonia grave. Sua mãe, Dona Iolanda, falecera na antevéspera e no mesmo hospital. Antecipando um evento probabilísticamente quase impossível, mãe filho combinaram: Disseram: – Eu e você vamos partir sem que um saiba da morte do outro. E foi assim que eu também morri um pouco naquele dia.

Sua irmã, Ieda Inda, recém enviou-me um mail, abaixo transcrito,  contando um pouco do Hermes em seu contexto familiar e frisando o quanto essa herança contribuiu para seu desenvolvimento humanístico e dele fez essa pessoa capaz, como nenhuma outra, em captar e se envolver com o maravilhoso das coisas e pessoas de seu entorno.

Hesitei bastante antes de acrescentar outra correção ao texto sobre meu irmão. Mas creio que devo à memória do Hermes, e especialmente à memória de nossos pais, uma imagem mais Iedaverdadeira. Refiro-me expressão “família humilde” que, receio, talvez possa remeter ao mito romântico em voga, do homem que se faz sozinho contra tudo e todos, filho de pais camponeses ou operários, “nascidos analfabetos”. Nossos pais com certeza nasceram analfabetos, mas Galileu, nosso pai, foi jornalista na juventude, e a mãe Iolanda (Ioiô, para os íntimos) estudou num excelente colégio de freiras alemãs, dedicando-se particularmente ao estudo do piano e violino. Eles casaram num período de relativa estabilidade financeira, mas logo iniciaram uma vida familiar que pode ser descrita como uma dramática alternância de “vacas muito magras” e “vacas meio gordinhas”. Em termos sócio-econômicos, uma trajetória em dentes de serra, gangorra ou montanha russa. Passamos por sérias dificuldades financeiras principalmente durante a primeira infância e no momento de ingressar na Universidade.

    Mas quanto à oportunidade de educação e crescimento cultural, nossa irmã Acmene, Hermes e eu fomos privilegiados.  Nossos pais, espíritos corajosos, lúcidos e independentes, acreditavam na busca do conhecimento e amavam as artes e a literatura, com preferência pelos clássicos. Não se empenharam em acumular bens e construir um patrimônio material para nos deixar como herança, como tantos outros pais. Em troca, fizeram quase o impossível para nos dar o que se costuma chamar uma educação renascentista. O aprendizado não era limitado ao que as escolas, também excelentes, ofereciam. Igualmente importante era aprender a nadar, montar a cavalo, atirar, caçar, pescar, lutar, andar de bicicleta e patins, dirigir veículos, cozinhar, costurar, tecer lã, lavar e passar roupa, desenhar e pintar, fotografar, praticar esportes, dançar, cantar, tocar algum instrumento musical, cuidar dos cães e gatos, criar peixes, limpar e arrumar a casa, cultivar horta e jardim, depenar e preparar perdizes, escamar e fritar lambaris, e outros desafios que mal recordo.

                Conseguimos adquirir algumas dessas habilidades. Hermes não conseguiu aprender a jogar futebol, mas distinguiu-se em natação, basquete e atletismo. Um desastre como dançarino, conquistou com brilho seu brevet de piloto civil. Mas o essencial, em nosso exigente currículo, era aprender a suportar a adversidade sem muita choradeira e não deixar de abraçar cada inocente instantezinho de alegria, não dando excessiva importância ao que diriam no bairro. Não nos faltaram belos instantes, como não faltaram amor, apoio, inspiração e estímulo na família. Resumindo, fomos muito bem preparados para lutar e buscar livremente a independência, o conhecimento e, na medida do possível, a felicidade.

                Hermes fez com raro altruísmo e talento próprios seu excepcional caminho, mas com certeza seria o último a esquecer o crédito devido à própria origem.

Ieda Inda, 14/4/2012

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O texto abaixo, retirado do Boletim Interno do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, ano 2, p.1-2, n.52, 26 de outubro de 2005, foi produzido por diversos amigos e colegas do geólogo Hermes Inda, que tiveram o privilégio de seu convívio;

“Hermes Inda - A história de um geocientista visionário”

Hermes Augusto Verner Inda faleceu precocemente no dia 9 de outubro em Porto Alegre, vitimado por uma pneumonia. Deixa na lembrança de todos aqueles que o conheceram a figura humana ímpar, dotada de uma personalidade única, diante da qual ninguém ficava indiferente. Inteligência rara e humor refinado convivendo em perfeita harmonia, embasados em uma vasta cultura, faziam dele uma pessoa cativante.
Foi sua a concepção - inédita então no Brasil e contemporânea com alguns outros poucos serviços geológicos - de utilizar o conhecimento geológico e hidrológico para gerar informações básicas visando subsidiar as políticas públicas de gestão territorial e de meio ambiente.
Mestre não só na arte de conceber novos programas institucionais, bem como de propor o desenvolvimento de novas tecnologias, sabia como ninguém criar as correspondentes marcas e dísticos: LETOS. Singre, Proteger, Vida, Seus, Siga, SIR, Gate, Cieg, CDI, Geólogo Documentalista, Tecnologia de Soluções e muitas outras.
Diplomado em 1966, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, passou a maior parte de sua vida profissional entre a Bahia e o Rio de Janeiro.
De 1966 a 1975, trabalhou na Prospec SA, executando serviços de cartografia geológica e de pesquisa mineral para o DNPM, CPRM, Eletrobrás e Secretaria de Minas e Energia (SME/BA).
De 1976 a 1983, passou a efetuar serviços para a CBPM, SME/BA, Mineropara e DRM-RJ, através de consultoria, participando ainda de diversas instituições técnico-científicas como SBG, IUGS, entre outras. Foi o criador e editor da revista Ciências da Terra, período em que consolidou um dos seus vários pendores, o de editor de publicações geocientíficas. Como tal, foi o responsável por inúmeras publicações de textos e mapas, sendo, também, o criador de várias séries: Geologia e Recursos Minerais do Estado da Bahia - Textos Básicos, Programa de Edições Técnicas do Estado da Bahia, Programa Geocronológico do Estado da Bahia e o Programa Cartografia Geológica do Estado da Bahia, culminando com a criação e coordenação do Grupo de Projetos Especiais da SME/BA (GPE).
Como assessor especial da SME/BA, entre 1983 e 1985, calçou o seu conhecimento com incursões profícuas na área da informática aplicada às geociências, como coordenador da Comissão Organizadora do Simpósio Cogeodata/ Unesco sobre modelagem de depósitos
minerais; representante do Brasil no Simpósio Internacional da ONU sobre Informática Geológica; elaboração do Projeto de Capacitação Técnica para a Área de Inteligência Artificial e de Sistemas Especialistas na área de exploração mineral; elaboração e implantação do Projeto de Capacitação Técnica e Desenvolvimento de Tecnologia de Cartografia Digital e Geoprocessamento aplicados à pesquisa geológica; concepção, criação e implantação do Sistema de Bibliogafia e Documentação em Geologia e Tecnologia Mineral; concepção, criação e implantação do primeiro banco de dados nacional de grande porte de informações geológicas básicas; implantação do serviço de acesso online às bases de dados geológicos internacionais; e concepção, criação e coordenação do Serviço de Informática (Sisme) da SME/BA, além de ser responsável pela elaboração do primeiro Plano
Diretor de Informática da mesma Secretaria. Entre 1985 e 1994, na CPRM, foi diretor da Área de Operações (1985 -1990) e diretor de Geologia e Recursos Hídricos (1990-1994), período em que atingiu o ápice de sua carreira, sendo o responsável por boa parte das propostas inovadoras e de utilização de novas tecnologias. Nesse período, foi o condutor da retomada dos levantamentos geológicos básicos, através do Programa de Levantamentos Geológicos Básicos (PLGB), executado pela CPRM para o DNPM. Foi também responsável
pelo fortalecimento da Biblioteca da CPRM, mediante a concepção e implantação do Serviço de Atendimento aos Usuários (Seus) e da atividade de geólogo documentalista. Foi, ainda, responsável pela implantação e disseminação da microinformática na CPRM, em meados da década de 80, criando os Centros Distribuídos de Informática (CDIs), nas Superintendências Regionais da CPRM.
Em suas várias contribuições para o avanço do Serviço Geológico do Brasil, Hermes Inda propôs a consolidação, modelagem e organização em bases de dados do vasto acervo de dados geológicos existente na CPRM. Vislumbrando a disponibilização futura desse acervo digital, fez a CPRM se tornar uma das primeiras instituições brasileiras a ter implantado e disponibilizado internamente o acesso à Bitnet e à Internet, quando só existiam três ou quatro serviços geológicos, de países desenvolvidos, com essa facilidade instalada.

Na sua proposição de adoção da cartografia digital na CPRM, foi executado um trabalho pioneiro de adoção do conceito de topologia nos serviços prestados para a Secretaria Federal de Recursos Hídricos, de digitalização de drenagens, no âmbito do Programa Nacional de Irrigação (Proni). No final da década de 80, a CPRM foi a instituição precursora na utilização da tecnologia de Sistema de Informações Geográficas (SIG) em várias aplicações, dentre as quais sobressai a geração de mapas digitais de plantas da infra-estrutura urbana, voltada para a sua gestão, através do projeto desenvolvido para a Secretaria de Vias Públicas da Prefei tura de São Paulo – Projeto (Siga/SVP). Foi também o condutor da proposição e desenvolvimento do primeiro SIG no Brasil em ambiente de computador de grande porte. Ademais, foi a segunda instituição brasileira, em 1993, a desenvolver e gerar um CD-ROM – tecnologia incipiente à época - contendo bases de dados geológicos e um aplicativo MicroSiga para o acesso e a pesquisa de dados. A primeira a fazê-lo foi uma instituição privada da área da saúde.
Essas façanhas serviram para consolidar as atividades de geoprocessamento na CPRM e alçar a empresa à vanguarda da tecnologia, fazendo com que a IBM buscasse a sua parceria para efetuar projetos em conjunto. Foi dele então a proposta de implantar um showroom, no final da década de 80, que serviu para a apresentação, a visitantes e parceiros, das últimas novidades de geoprocessamento e informática desenvolvidas pela CPRM.
Transcendendo os limites da geologia clássica, foi o grande idealizador, entusiasta e precursor das atividades que hoje são utilizadas para subsidiar o ordenamento do território, mediante a concepção e implantação do Programa Gate, voltado para o levantamento de informações geológicas e hidrológicas básicas, e sua integração com outros temas, para apoio à decisão na gestão territorial e do meio ambiente.
Foi ainda o responsável pela transformação das atividades de editoração de relatórios e mapas da CPRM, mediante a sua racionalização e modernização, padronizando os procedimentos e conferindo-lhes um cunho altamente profissional.
De volta à sua terra adotiva – Bahia – utilizou a sua longa experiência para prestar diversos serviços à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) e à SME/BA, visando a organização e disponibilização das informações geradas pelas diversas atividades da empresa, bem como o suporte à concepção e manutenção do Sistema de Informações sobre os Municípios da Bahia (Simba) em apoio às atividades da Assessoria da Secretaria Particular do governador da Bahia.

Todo esse rico legado de inovações e de realizações se deve ao fato de ele ter sido uma dessas raras pessoas que têm o olhar fixado no horizonte, tentando enxergar hoje o mundo de amanhã, buscando olhar além dos limites da geologia. Era um autêntico geocientista e um Visionário.
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Abaixo, a homenagem póstuma de Carlos Oiti Berbert, escrita mo dia seguinte do falecimento do Hermes. Hermes era Diretor da CPRM quando Oiti ocupava a Presidência, creio que entre 1990 e 1999,

Em: http://vsites.unb.br/ig/informes_antigos.htm#Falecimento_INDA
Enviada por Carlos Oití Berbert em 10 de outubro de 2005, às 11:45 hs.
Caros colegas e amigos,
Lamento informar que o Brasil perdeu ontem, em Porto Alegre, motivado por infecção hospitalar, um dos grandes geólogos brasileiros e uma das mentes mais brilhantes que conheci em minha vida, com quem tive o privilégio de compartilhar, por cerca de cinco anos, a direção da CPRM na década de 90: HERMES AUGUSTO VERNER INDA. Graças à sua visão de futuro, numa época bastante difícil, e com os demais Diretores, pudemos introduzir várias inovações que contribuíram para a transfomração da empresa no Serviço Geológico do Brasil, em dezembro de 1994, entre elas a então denominada Geologia Social, o Gestão e Administração Territorial - GATE e os programas avançados (para a época) de computação geocientífica. Em função de seu empenho particular, houve, ainda, um esforço bastante grande de formação e especialização de pessoal, particularmente em cursos de mestrado e doutorado.
A pedido de seu filho Pedro (51 - 3226 5562. 9115 1058 ) informo que o corpo de Hermes será cremado hoje, às 17:00 h na Capela Ecumênica Metropolitana de Porto Alegre e a cerimônia poderá ser acompanhada no endereço www.crematoriometropolitano.com.br

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(*) Neste blog, a íntegra de um artigo publicado em co-autoria com o Hermes – Fundamentos da Geologia Pós-Moderna

(**) Breve falarei muito mais do Hermes. Dos três anos que convivemos na Prospec (1972-1975), em Petrópolis, do tempo em que era Diretor da CPRM, e eu consultor intermitente em 1988/89, 1991/92/93 e quando ele ocupava uma assessoria especial do então Governador Paulo Souto, entre 1995 e 2000, em Salvador.  Nossa conexão era perene, no escritório, em trabalhos de campo, nos bares e em sua residência (Petrópolis, Salvador e Urca), Aí. a madrugada nos atravessava acompanhada  de sua imensa coleção musical, que ia do trovador nordestino e passava pelo popular e clássico universais. E a trigada fazia parte do repertório (receita do caudilho João Batista Lusardo, de Uruguaiana,  e conhecido pelos argentinos como  Hombre de la Guerra). E as doses intermináveis de uisque regavam os sons e papos e paladares e gargalhadas. Com Hermes fui “iniciado” em Isaac Asimov, Mafalda, Violeta Parra e Mercedes Sosa, o Ulysses de James Joice, o Grande Sertão, Veredas, de Guimarães Rosa… e muito mais.  Ieda teve um papel presente e muito ativo durante esse meu aprendizado, desde o agreste baiano até as mansardas do Cremerie.

Depois eu conto!

Monumento a D. Pedro I – Praça Tiradentes – Os Dragões de Bel e Chicão

Em 1973, o geólogo Roberto Thompson de Carvalho (Bel) e seu amigo garimpeiro, Chicão, foram até a sede da Prospec S/A, em Petrópolis, onde eu trabalhava, e contaram duas histórias fantásticas (1). A que aqui vou resumir, conta sobre uma peculiaridade dos quatro dragões da estátua de D. Pedro I, erguida em 1862 na Praça Tiradentes (*), Rio de Janeiro. A peculiaridade? Os dragões são de OURO.

Chicão apresentou uma cópia microfilmada de atas de reunião da Câmara dos Deputados do antigo Distrito Federal (**), onde se discutia a necessidade de  substituição dos dragões por réplicas e reposição dos originais em um museu. Lembro-me de ter ouvido que o assunto foi debatido brevemente em plenário durante dois dias consecutivos, mas não me recordo das datas. Chicão recitava o texto de forma inflamada, chamando a atenção para três pontos: primeiro, que foi apresentado uma prova irrefutável da composição química das quatro pequenas esculturas – ouro; segundo, que as esculturas não eram folheadas a ouro e nem maciças, sendo ocas, mas nada foi relatado sobre a espessura da camada de ouro (2); terceiro, que nenhum deputado revelou qualquer espanto, parecendo que estavam mais preocupados em selecionar um escultor para as réplicas.

Como nunca havia prestado a devida atenção, dias depois fui  olhar o monumento, pode-se dizer, pela primeira vez. O pedestal e as esculturas, D. Pedro a cavalo e as quatro alegorias em volta, todas de bronze, estavam totalmente patinadas (o bronze é uma liga metálica com 67% Cu e 33% Zn, e a pátina resulta de sua oxidação, sendo composta essencialmente por carbonato e sulfato de cobre, de cor verde). A coroa real entre os dragões também é de  ouro, permanecendo com a cor amarela.

Um fato ficou claro. Somente um metal de cor amarela resiste tanto tempo (século e meio) em um clima tropical sem sofrer corrosão e oxidação. Esse metal é o Ouro.

A sequência de eventos interrompidos, entre 1973 e 1974, é marcada por um clima de conspiração, a portas fechadas. Esboçávamos planos para roubar os dragões. Havia duas variantes. Uma compreendia um “apagão” e os dragões seriam retirados de noite. O Bel chegou a identificar um funcionário da Light que garantira ter condições de executar essa parte. A outra variante consistia em se forjar uma “limpeza da estátua”, levantando-se tapumes em torno do monumento em pleno dia. Essa era mais elegante, mas era de um risco acovardante. Para ambas, Chicão afirmava que um pequeno gerador seria suficiente para movimentar uma pequena serra que lembraria a “maquita” que hoje é utilizada no corte de lajotas para pisos e revestimentos (granito, mármore, etc.). O ouro, sendo muito mais macio do que rocha, iria garantir o sucesso do corte.

…e nossa aventura acabou! Valeu pelo lúdico. Por um tempo, atuávamos como três personagens de uma comédia italiana, mas seríssimos. Tempos depois, ao lembrar, eu e Bel demos boas gargalhadas.

Porém, como tal matéria “morreu” na Câmara? É bastante possível que essas reuniões tenham se dado às vésperas da transformação do Distrito Federal  em Estado da Guanabara, digamos, em 1959. Com a mudança para Brasília, em 1960, as prioridades passaram a ser outras. As antigas atas ou foram arquivadas e esquecidas, ou perdidas e enterradas junto com o antigo Distrito Federal. O Rio passou a Estado e o resto virou passado remoto e esquecido. Somente um garimpeiro do calibre do Chicão para desencavar esse ouro com sua bateia histórica! O Bel, que assina este texto, garimpando o garimpado, chegou a tempo de resgatar e tentar reavivar o que hoje seria um segredo desconhecido.

Ambos devem estar sorrindo.

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Praça Tiradentes Geral
O monumento a D. Pedro I, inaugurado em 30/03/1862, com a presença de D. Pedro II, foi esculpido e fundido em bronze na França por Louis Rochet e seu estagiário, o famoso escultor Auguste Rodin. Foi o primeiro erguido na cidade, e é o maior da América Latina. Em 1865 inseriram-se alegorias que representam as quatro virtudes das nações modernas: Justiça, Liberdade, Igualdade e Fidelidade, simbolizadas pelos índios dos rios Amazonas, Madeira, São Francisco e Paraná. Os moldes em gesso doram esculpidos pelo artista Miguel Couto dos Santos .
(O projeto original do conjunto escultório é de João Maximiniano Mafra. O gradil em bronze é do artista  Miguel Couto dos Santos Mafra, que recebeu medalha de ouro na Academia de Belas Artes pelo trabalho.  Foto da face leste, vendo-se a alegoria do rio Amazonas no centro, do rio Madeira à esquerda e do rio São Francisco à direita. Restauração de 2005-2006)

 
 

Os dois dragões

 
 

As armas de Bragança, em bronze, vigiadas por dois dragões de ouro.
A cor amarela dos dragões e da coroa persistindo por século e meio (3)

 
 

Dragão detalhe

 
 

Detalhe de um dos dragões

 

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Obs. 1 –  A outra história em narrada neste blog em O Tesouro de Tiradentes.

Obs. 1  –  Como o ouro é “mole”, estima-se que um mínimo de 1 cm de espessura da camada da escultura oca, seria suficiente para que ela se sustentasse sem deformar. Os quatro dragões pesariam cerca de 30 kg, o que equivale a mais de um milhão de dólares (valor em julho de 2011).

Obs. 2 – A foto dos dois dragões é de André Mendonça.

Notas:

(*) “O Largo do Rossio Grande, depois Campo dos Ciganos, em 1747 passou a ser o Campo da Lampadosa, em 1808 passou para Campo do Polé, depois de 1822 foi a Praça da Constituição e finalmente Praça Tiradentes em 1890. Praça de muitos nomes e muitos moradores ilustres, como José Bonifácio de Andrada e Silva que residiu na esquina com a Avenida Passos, onde D. Pedro I gostava de despachar. Foi um lugar de boemia, que começou com os bailes do Visconde do Ouro Seco em seu Solar e se mantém na Estudantina, a mais autêntica gafieira do Rio de Janeiro, onde os cariocas continuam a fazer a festa” (in Marcílio).

Em artigo de O Globo (8/8/2011), Ludmila Lima lembra que a praça foi chamada de Constituição “porque foi lá, da varanda do Real Theatro de São João, hoje João Caetano, que D. Pedro fez o juramento à constituição portuguesa em 1821”.

(**) Os limites do atual município do Rio de Janeiro são os mesmos dos antigos Distrito Federal (1891-1960) e Estado da Guanabara (1960-1975).

(***) “A descrição do monumento, que se ergue ao centro da Praça Tiradentes, pode ser assim resumida: – Sobre um soco de cantaria, vê-se um elegante gradil de ferro, imitando o bronze e apresentando, entre círculos e alternadamente, a coroa imperial e a legenda Pedro I, em letras de ouro; é de forma octogonal; em cada ângulo eleva-se uma coluna artisticamente ornada, que sustenta um lampião de gás, encimado por uma coroa. Nas bases dessas colunas estão gravadas as seguintes datas: 12 de outubro de 1798 – 6 de novembro de 1817 – 17 de outubro de 1829 – 9 de janeiro de 1822 – 13 de maio de 1822 – 12 de outubro de 1822 – 1 de dezembro de 1822 – 25 de março de 1824.

O espaço cercado pelo gradil é pavimentado de mármore. Sobre uma base de granito ergue-se o pedestal, que é octógono e de bronze, assim como todo o monumento. Vestem as suas faces principais quatro alegorias indígenas, simbolizando os rios Amazonas, Paraná, Madeira e São Francisco. Este é representado por um índio, que está sentado junto a um tamanduá bandeira e uma capivara. Outro índio, o do rio Madeira, está armado de arco e em atitude de disparar uma flecha, vendo-se, ao seu lado, uma tartaruga, uma ave e alguns peixes. Os rios Amazonas e o Paraná são representados, cada um, por duas figuras, sendo uma do sexo masculino e outra do sexo feminino. A silvícola do rio Amazonas tem sobre as costas uma criança adormecida. Seu companheiro descansa o pé sobre um jacaré, havendo, ao seu lado, uma jibóia, um tigre, um ouriço-caixeiro e uma ave. No grupo que simboliza o rio Paraná vêem-se um tapirete ou anta, um tatu e duas grandes aves.

Ornam o friso do pedestal escudos torreados, significando as vinte províncias do Brasil, e sobre cada um dos quais existe uma estrela dourada. Na parte superior da face principal estão as armas do Império e a seguinte inscrição: – A D. Pedro Primeiro, Gratidão dos Brasileiros. Nas faces laterais, as armas bragantinas, vigiadas por dragões dourados. Finalmente, sobre o pedestal ergue-se o vulto do monarca, em grande uniforme de general, montado a cavalo, tendo o braço direito alçado, num gesto de quem apresenta ao mundo o auto da independência do Brasil.

A altura do monumento – o primeiro inaugurado no Rio – é de 3 metros e 30 centímetros até o alto da cantaria; 6 metros e 40 centímetros, até o alto da cornija; medindo 6 metros a estátua eqüestre e seu plinto. O peso total do bronze é de 55.000 quilos, sendo: 28.000 quilos todo o pedestal; 12.080 quilos a estátua eqüestre; 10.000 quilos os dois grupos alegóricos grandes e 5.000 quilos os dois pequenos.” (Notar que não há referência aos dragões).

Publicado na edição de 5 de setembro de 1943 do jornal Diário de Notícias; [DN1946] Reportagens, Monumentos da Cidade, Ed.1946. (in Rememorarte)

 

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Luiz Magalhães

LulaEsse arquiteto, publicitário, designer famoso (1), muito elegante e pouco esfusiante, proporcionou-me a descoberta de uma outra América, através da divulgação na Internrt do documentário de João Moreira Sales. Lula gravou a série televisada em 1989, recuperando-a em 2010. Por limitação do YouTube, só foi possível postá-la em 4 partes (assistir abaixo). 
Outra preciosidade preservada por Lula, é o texto publicado pela Companhia das Letras (3), onde estão condensadas as 110 horas de gravação de 27 celebridades expondo seus diferentes pontos de vista sobre a América.
 
São eles: B. F. Skinner, Czeslaw Mislov, David Byrne, David Rockefeller, Denise Scott Brown, Dennis Hopper, Henry Kissinger, James Ellroy, Jean Baudrillard, Joseph Brodsky, Laurie Anderson, Louis Stettner, Marion Zimmer Bradley, Nolam Chomsky, Nolan Bushnell, Octavio Paz, Paul Virilio, Robert Frank, Robert Longo, Robert Rauschenberg, Robert Venturi, Stan Lee, Timothy Leary, Tom Hayden,  William Kennedy, William Klein, Zbigniew Rybczynski.

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AMÉRICA – De João Moreira Sales. VideoFilmes Produções Artísticas Ltda, 1989. (Originalmente, a série televisada pela TV Manchete compreendia 5 partes). (2)

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

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(1) “ […] Luiz Magalhães, dono da LM Grupo Design, traz em sua galeria vários prêmios na área de design, atividade a que se dedica há 22 anos. Entre eles, destaque para POPAI USA e POP TIMES USA […]. Rev. Rio Grande, seção Mercados, pg. 56, 2010.
 
(2)  "Existia uma série, não exatamente um filme, chamado América, de João Moreira Salles, de 1989, exibido na extinta TV Manchete. Era uma série excelente, rodada nos Estados Unidos e nos seus 5 programas abordava uma série de aspectos do país: a idéia de clonagem, fisiculturismo, a velocidade, um país em deslocamento, o blues etc. Rapaz, quando eu assisti isso na TV decidi fazer documentários na minha vida. Saí de Belo Horizonte onde assisti à essa série, me mudei para Campinas, depois para São Paulo e trabalho com imagens até hoje. Foi a partir dali que virei cineasta."
Kiko Goifman, in http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/mudou-minha-vida/kiko-goifman.html
 
(3) “América – Depoimentos”. Companhia das Letras, 1989. Tive sorte de encontrar um exemplar na Livraria Papirus (Sebo) https://www.sebopapirus.com.br/

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Lara Moutinho da Costa (1966- )

 

Lenore Moutinho da Costa (1965- )

 

O Tesouro de Tiradentes (dos Inconfidentes)

Em 1973, o geólogo Roberto Thompson de Carvalho (Bel) e seu amigo garimpeiro, Chicão, foram até a sede da Prospec S/A em Petrópolis, onde eu trabalhava, e contaram duas histórias fantásticas (1). A que vou resumir abaixo trata do provável reconhecimento do local onde se encontraria o que Chicão chamava de Tesouro de Tiradentes, ou dos Inconfidentes (3).

Chicão era um garimpeiro de diamantes da região de Diamantina (MG), mas que tinha como hobby caçar tesouros com seu detector de metais (2), Chegou a encontrar moedas de valor, escondidas sob o assoalho de madeira de casarios coloniais, e algumas pepitas de ouro e objetos metálicos sob o solo (chaves, pulseiras, brincos, correntes, ferraduras, esporas, pregos, etc.). Sua obsessão, contudo, era descobrir determinado tesouro. Esse tesouro não faz parte de lenda, folklore ou história transmitida oralmente por sucessivas gerações. Não! É uma teoria desenvolvida por ele: Tiradentes conseguiu desviar parte do ouro recolhido como dízimo da mineração da rica região de Ouro Preto, escondendo-o em uma gruta situada na escarpa da Serra do Ouro Branco.

Joaquim José da Silva Xavier foi tropeiro, minerador, e dentista (daí o seu apelido). Em 1775 entrou para a Milícia de Minas Gerais, época em que se transferiu para a capital da província, em Vila Rica de Ouro Preto (Televan).

Já lider dos Inconfidentes (3) e como Alferes, Tiradentes mantinha contato com os coletores locais do dízimo, que era então levado pelo Caminho Real até o Rio de Janeiro. Essa rota passava por Ouro Branco, uma das paradas obrigatórias para que a coleta fosse inventariada e registrada.

Para sustentar sua tese, Chicão apresenta alguns fatos pertinentes e bastante interessantes. Ressalta que confrontou registros históricos de valores e quantidade de saída do dízimo em Ouro Preto e da correspondente entrada nos livros em Ouro Branco. Os dados não se igualavam, a entrada sendo sempre menor do que a coleta original. Esse foi o pulo para concluir o óbvio. Parte do ouro estava sendo desviado… e escondido para criar fundos que sustentassem a sonhada revolução dos Inconfidentes. Após décadas de pesquisa e elucubrações, Chicão concluiu que o ouro era colocado em grutas da encosta da Serra do Ouro Branco. Um escravo era alçado por cordas a partir do topo da serra e descia ao longo de uma escarpa negativa (invertida), tal qual o Rapel praticado hoje (4).  Ao atingir o local, balançava-se até atingir o ponto de pular para dentro da caverna. A corda era em seguida recolhida e o escravo alí padecia até a morte, ou a abreviava pulando morro abaixo.

Sobre a localização da gruta, o Bel conta que ela estaria situada no sentido ENE de uma visada a partir da entrada da cidade de Ouro Branco, na estrada de Ouro Preto. Era visível de binóculo. Na imagem da figura abaixo eu situei a zona com base nessa direção e após ter verificado que, alem de ser um dos locais mais concorridos por praticantes de Rapel (Rappel), o local apresenta grutas em escarpas invertidas (negativas).

Na época cheguei a conversar com os dirigentes da Prospec, o Presidente Renato Archer e o Diretor Silvio Guedes, e tambem com Marcelo Tunes, colega de turma do Bel, que era assessor. Queríamos um helicóptero da empresa para fazer um vôo de reconhecimento e fundos para financiar uma campanha de investigação em algumas cavernas. Eles ouviram com muita atenção e, já esperado, riram. Sem debochar, mas riram.

Agora, 40 anos depois, resolvi voltar ao assunto e tentar conseguir meios suficientes para, pelo menos, chegar mais perto do tesouro. Mathilde Thompson, que é “filha do pai” irá encarná-lo nessa aventura.

  Ouro Branco Serra Gruta Mapa  
  Serra do Ouro Branco e a cidade. Infelizmente a imagem (Google Earth) apresenta nuvens no entorno do local aproximado da possível gruta. A estrada logo abaixo, que liga Ouro Branco a Ouro Preto, é vizinha do antigo “Caminho Real”.  

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Observações

(1) –  A outra história é descrita neste blog em Estátua de D. Pedro I – Praça Tiradentes

(2) –  Detector de Metais

  Detector de Metais  
 

Equipamento portátil, extremamente leve (1 kg), e utilizado para localizar todos os tipos de metais, ligas metálicas, e alguns minérios e minerais enterrado a profundidades de até 1,5 m. Funciona a bateria. Detecta pepitas de ouro acima de 15 g. Através de uma bobina de transmissão (arco externo fa figura) uma onda eletro-magnética é mandada para o chaão em determianda frequência. O arco interno contém outra bobina de fio – recepção –  que atua como uma antena para captar e amplificar freqüências vindas de objetos alvo no solo.

 

(3) –  O principal fator que desencadeou a Inconfidência mineira foi o aumento da exploração colonial, através da imposição de taxas excessivas sobre a extração de ouro na região de Minas Gerais. As zonas mais prósperas da mineração compreendiam as vilas de Sabará, Vila Rica (Ouro Preto) e São João del Rei (in Renato Cancian).

 

Libertas

 
  A bandeira dos Inconfidentes – Liberdade ainda que Tardia  

(4) –  Imagens de escarpa negativa (invertida)

 

Rapel Negativo 1

Rapel Negativo 2

 

Escarpa invertida

Escarpa invertida. Essa imagem ilustra como teria sido o balanço do escravo para pular dentro da caverna
 

 

rapel2

rapel1
 

rapel4

 
 

Três fotos de praticantes de Rapel na Serra Do Ouro Branco, sendo as duas superiores com caverna ao fundo.

 
 

in OiJovem.com e Município de Ouro Branco

 

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François Villon (1431-1463)

FrancoisVillon

François Villon foi uma desses poetas abençoados pela centelha divina, seja por deus ou pelo diabo. Dessas pessoas que deslumbram e que refletem um brilho ofuscante, seja pela sua obra, seja pela sua vida. No caso de Villon, por ambos.

Boêmio e alcóolatra, ladrão, assassino, condenado à forca e banido.